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Também entrevista-mos alguns colegas estrangeiros e relatamos as suas entrevistas

Migrante Brasileiro

Reiginaldo, o meu nome, atualmente com 41 anos de idade e 10 anos completos de migrante, sou de nacionalidade brasileira do Estado de Minas Gerais o quarto maior estado do Brasil, nasci em Esmeraldas uma cidade com 70.552 habitantes a 70 quilómetros da Capital Belo Horizonte. Esmeraldas é uma cidade sem indústrias, sem grandes comércios, sem opção para os moradores que desejam uma qualidade melhor de vida. Uma cidade onde "todos conhecem todos".

Belo Horizonte, capital das Minas Gerais, por ser Capital, tem mais opções e melhor qualidade de vida, mais opções em trabalho, melhores oportunidades e mais liberdade.

Tudo começa com os meus 16 anos de idade que um dia, cansado da mesma vida e do mesmo ritmo em não ter nada para fazer, resolvi mudar de uma pequena cidade para a capital e assim fiz. Mas para mudar precisava de dinheiro, o dinheiro foi conquistado através de trabalho, prestando serviço em jardinagem, limpezas domésticas e muita economia, os meus serviços foram divulgados entre os poucos cidadãos da cidade e em pouco tempo já tinha uma clientela que através dessas consegui a quantia que necessitava para mudar de cidade e fui morar na capital morei com conhecidos "amigos" que eu conheci na minha cidade e tinham seguido caminho para o que era considerado o melhor, morar na cidade grande.

Foi uma experiência incrível, viver longe da família, dormir em quarto com mais pessoas, dividir tarefas, seguir regras nas quais hoje agradeço em ter conhecido essa palavra e o seu significado pois faz parte do meu dia-a-dia e em todos os lugares por onde vou.

Consegui um emprego por indicação em um salão de cabeleireiros, fui contratado para lavar cabeças e preparar clientes para os cabeleireiros que ficavam a espera em suas cadeiras e nas horas vagas cuidava da limpeza do espaço. E sempre observando os profissionais trabalharem com muito gosto e sonhando sempre, alto, bem alto. Um dia um profissional percebeu o meu interesse na profissão e questionou me se eu tinha interesse em aprender, Lógico que eu disse que sim. E tudo começou por ai, comecei a participar mais das tarefas da empresa, foram 5 anos, até conseguir ter a segurança em ter atender a primeira cliente. E depois da primeira tudo se tornaria mais fácil, os tempos passaram, mudei de emprego, conheci pessoas diferentes, comecei a ter mais noção do que era o bom e o que era o mau. Tudo foi mudando, as pessoas, a cidade, novas empresas surgindo na área a qual eu trabalhava, e em outras áreas a segurança da cidade já não era mais a mesma, foram surgindo problemas nos quais eu não estava acostumado a ver e ouvir, mas fui adaptando a segurança cada dia que passava estava ficando mais escassa ao ponto de trabalhar de dia e ser assaltado a noite na porta de casa constantemente.

Enfim, eu disse a mim mesmo. Chega, vou migrar, vou procurar um lugar diferente, seguro, com mais qualidade onde poderei trabalhar e ter segurança dia e noite, mas para onde?

Lisboa, Portugal. País escolhido, era hora de saber quando? Como irei e com quem irei, se não conheço ninguém em Portugal. O primeiro passo, foi passaporte, segundo juntar dinheiro, que foi o mais complicado por causa do valor da moeda "euro", Foi um ano de muitos cortes em confortos para poupar o suficiente para não faltar nada quando eu estivesse fora do meu país, já que eu não conhecia ninguém e não tinha a quem recorrer e nem para onde voltar, já que eu venderia tudo o que eu tinha conquistado quando estive no meu país. De mala feita, bilhetes, hotel, seguro saúde, carta de crédito, era a hora de embarcar, primeira viagem Internacional para um país que as informações que eu tinha era, moeda, idioma e crise no qual o pais estava prestes a entrar, mas continuei. A permissão da entrada dos brasileiros em Portugal é após uma entrevista no serviço de migração, querem saber tudo.

Quanto tempo ficará no país? Onde ficará? Tem conhecidos ou familiares? Tem cartão de crédito? Tem seguro de saúde? Tem dinheiro suficiente para os dias que permanecerá no país? Tem Bilhete de retorno? Qual é a data de retorno? Quantas malas trouxeram?

Se o viajante não souber o dia de retorno ao seu país de origem já é o suficiente para não deixar entrar em Portugal, pois tem em mente que chegou para ficar. Essas perguntas foram feitas para quase todos, muitos foram encaminhados para uma sala onde mais tarde descobri que era uma sala específica para viajantes que seriam deportados. Já alojado em um Hotel, resolvo conhecer um pouco Lisboa e após 3 dias procurar emprego, no qual não tive dificuldade, encontrei pela Internet, fui trabalhar em uma região afastada de Lisboa no qual precisava de fazer uso dos transportes público, fiquei surpreso com tanto conforto, limpeza e educação dos passageiros que faziam uso desses serviços. Era tão diferente da cidade da qual eu vivia. Pontualidade foi o que mais surpreendeu, sempre chegando na hora certa e partindo no momento exacto anunciado no ecrã. Foram os primeiros dias mais maravilhosos que vivi em Lisboa, não tinha ainda recebido a notícia que para estar legalmente no país precisaria começar o processo de legalização para um dia tornar-me um cidadão europeu... Quando comecei esse processo para legalizar no país foram os piores dias que um migrante poderia ter vivido, e não foram dias e sim anos. Foram tantas idas e voltas em busca de documentos, informações erradas, horas perdidas em filas de consulado com frio e chuva e no final não era necessário aquela documentação. Documento com validades de 30 dias, um dia a mais já não era aceito pelos serviços de migração.

Antecedente criminal do País de origem e actual, Comprovante de morada, cartão de saúde, comprovante de freguesia no qual comprova onde vive, declaração de impostos, descontos de segurança social, o contracto de trabalho e uma quantia absurda em dinheiro para ter em mãos um documento que teria validade de um ano, a partir da data que fosse emitido. E ainda poderia receber um Não como resposta, caso o serviço de migração não sentisse segurança nos seus documentos, principalmente se o seu contrato de trabalho, estivesse com mais funcionários registados na mesma empresa, era a altura no qual os oportunistas vendiam contratos de trabalho por preços elevados para legalizar migrantes de varias nacionalidades, pagavam o preço que fosse para estarem despreocupados no País, na verdade tinha uma parte engraçada, deparei-me com paquistaneses com os quais conheci nessa época de recém chegado em Lisboa e junto trabalhei com alguns religiosos praticantes (muçulmanos) que se diziam cabeleireiros e tiveram que mudar o visual obrigatoriamente para ter um ar mais de cabeleireiro que ar de asiático religioso, era engraçado mas tenso, pois corriam o risco de pegar carta de expulsão na qual tinha 20 dia a partir daquela data para sair do país. Também eu fui vítima dessa carta, que luta foi conseguir um advogado no Centro Nacional de Apoio ao Imigrante, que na verdade não conseguiu resolver nada, recebi essa carta pelo motivo em ter sido contratado para trabalhar no país, já que eu era turista, por lei no país não é permitido somente após 3 meses, a proprietária fez agendamento com 2 meses e a empresa a qual trabalhei tinha 25 funcionários e um espaço pequeno, com funcionários de varias nacionalidades. Esse dia é para esquecer.

Enfim após tanta espera resolvi mudar de Lisboa para Espanha, mesmo sem documentação e foi um ano de muito trabalho e sem qualquer fiscalização a cruzar meu caminho, consegui trabalhar na minha área de cabeleireiro, mas comecei a ficar cansado de estar sempre na adrenalina do que poderia acontecer caso eu fosse abordado pelo serviço de controlo aos migrantes, resolvo abandonar tudo e migrar novamente, mas dessa vez para a Bélgica com um amigo, sem dominar o idioma Francês que é a língua pátria, deixo um país como Espanha que é festa todos os dias e vou para um país que é frio, cinza e chuvoso e começar tudo do zero foi mais um desafio no qual eu permaneci por mais um ano. Foram dias terríveis com muitas tempestades de neve e temperaturas negativas que a vontade era de ficar dentro de casa todo o dia. Mas precisava trabalhar e trabalhei. Tive sorte em trabalhar em um salão de cabeleireiros de um espanhol no qual comecei aprender um pouco do francês. Por ser hóspede de um cidadão belga, ele era meu responsável, então não corria o risco em ser incomodado pelo serviço de migração. Aqueles dias eram dias tão iguais que fiquei deprimido e resolvi regressar a Lisboa, cidade na qual vivo até os dias atuais, cheguei em um dia e comecei a trabalhar no outro, e lembrei-me, começar novamente a batalha para legalizar, comecei do zero, encontrar um salão de cabeleireiro que oferecia contrato de trabalho, comecei a fazer os descontos e esperei 6 meses de descontos para fazer um agendamento com o serviço de migração e ter a sorte em dar tudo certo e deu, Em 2012 legalizei-me no país pagando um valor de 730 € por um documento com validade de 365 dias ou melhor, antes de completar um ano, deveria refazer o agendamento para renovar novamente por dois anos mas com um valor de 45€. Depois por mais dois anos e enfim após 5 anos legalizado no país a nacionalidade portuguesa, que também requer mais documentos. Histórico escolar que comprove que fala o idioma do país no qual deu entrada na nacionalidade, antecedentes criminais, comprovativos e documentos nos quais jamais tinha ouvido falar e um valor de 250 €. O agendamento na conservatória tem que ser feito com muita antecedência e após dar entrada no pedido, esperar por 1 ano a aprovação ou reprovação se terá direito ou não a nacionalidade. Uma averiguação é feita em todos os sentidos incluindo comportamento cívico. Foram anos de muita espera, paciência, informações erradas e gastos desnecessários. Leis que mudam constantemente quando se trata dos migrantes, em relação ao Brasil e Portugal, recordo que sempre quando o ex. presidente do Brasil, Luís Inácio Lula Da Silva fazia as suas visitas presidenciais a Portugal, todos os migrantes brasileiros ficavam felizes e ansiosos, pois alguma nova lei a nosso favor seria proposta fosse legalização, reforma, lei para os estudantes que sempre procuram Portugal para continuar os estudos, seja básico, mestrados ou doutorados. A procura por brasileiros sempre foi muito grande e essa procura ajudou muito na economia do país, em relação a escola particulares, casas, comércio diversos e outros.

Ainda pergunto-me até hoje por que o serviço de migração dificultava tanto a legalização dos migrantes, seja ele qual fosse a nacionalidade, já que todos os documentos pedidos estavam em mãos, o mais importante de todos era o antecedente criminal e os descontos mensais, eram 730 euros no ano de 2012, se o país encontrava-se em crise nessa época e tinha como ajudar a melhoria dessa situação, por que o governo não entrou em acordo com o serviço de migração, criando alguma lei que pudesse legalizar os migrantes trabalhadores que estavam em dia com os seus deveres cívicos.

Porque o país dificultou tanto a legalização dos migrantes se permitiu que entrássemos no país e muitas das vezes nunca perguntaram onde ficaríamos hospedados, quanto tempo ficaríamos no país, qual quantia em dinheiro tínhamos por dia para ficarmos no país, alguns recém- chegados do Brasil passaram por essas perguntas ao dar entrada no país outros não?

E todos os dias são casos e histórias de pessoas que chegam e conseguem seguir a frente o que planearam e outras não. Alguns regressam para o seu país de origem, outros seguem para outros países. Como aconteceu comigo, mas depois percebe que Portugal ainda continua a ser o único país da Europa que facilita a vida migrante em relação aos demais países, mas para ter a certeza dessa facilidade é necessário escutar e pesquisar leis de legalização de outros países.

Hoje só tenho que agradecer e amo imenso este país tão acolhedor e maravilhoso que é Portugal.

Se eu teria coragem de refazer essa trajectória toda novamente?

Sim, mas com a experiência que eu ganhei nesses anos.


Migrante Guineense (anónimo)

Nasci na Guiné Bissau. Sou guineense e vim para Portugal para estudar e melhorar a minha vida porque na Guiné Bissau não há qualidade no sistema educativo. O meu destino foi Portugal mas futuramente gostaria de ir para a Holanda porque tenho um tio que é médico nesse país e pretende que eu vá morar com ele.

O meio de transporte que utilizei para vir até Lisboa foi o avião. Quando eu cheguei a Portugal esperava-me, no aeroporto, a minha tia que me levou para casa dela e dos meus primos. Desde de que cheguei a Lisboa que a minha tia trata-me muito bem. Actualmente estou a viver com ela e estou muito satisfeita com a habitação da minha família. A minha maior dificuldade é o idioma português.

Neste momento não trabalho, somente estudo e continuo à espera da resposta ao meu pedido de nacionalidade portuguesa que entreguei no SEF à seis meses e que foi baseado no facto do meu pai ser português.

Eu costumo encontrar-me com os meus amigos de Guine Bissau junto à estação de comboio da Amadora e desta forma mantenho contacto com a minha cultura. Também com a minha família pratico os costumes culturais e religiosos do meu País, Na sexta-feira vou sempre com minha família à Mesquita e no fim-de-semana a minha tia faz pratos típicos da gastronomia da Guiné Bissau. O meu prato preferido é caldo de mancarra cujos ingredientes principais são: frango, pasta de amendoim, tomate, cenoura, limão, óleo de palma e malagueta.

A festa mais importante para os muçulmanos é a festa do Ramadão. Algumas pessoas costumam ir à discoteca ou passear no Ramadão, mas outros dizem que a festa e a discoteca são coisas de pecado e que não devemos praticar durante Ramadão.

As grandes dificuldade que se encontram no meu País são a falta de emprego, de centros de saúde e de escolas, assim como, fraca qualidade de vida.

Eu estou muito feliz com os meus colegas de turma porque são bons para mim e quando eu não entendo uma coisa e faço-lhes uma pergunta, eles ajudam-me. Os meus professores e professoras também são bons porque eu não sabia nada de computadores e com a ajuda deles aprendi muito.

Eu gosto (mais ou menos) de Lisboa mas tenho saudades da Guiné Bissau. 

Inquéritos

Uma vez que estamos a estudar o tema das migrações, na escola Nuno Gonçalves, que tem turmas de português de língua não materna (PLNM), cujo objetivo é o ensino dos alunos do português aos estrangeiros, decidimos recorrer á ajuda deles para sabermos a opinião deles sobre as dificuldades a nível da chegada e na integração em Portugal.

Como tal fizemos um questionário aos nossos colegas estrangeiros sobre, informações variadas desde o que os levou a sair do seu país até se continuam a querer morar aqui em Portugal.


As perguntas do inquérito aplicado e as respectivas respostas encontram -se descritas no documento que se segue .


O questionário teve uma amostra de 31 pessoas e as características dos inquiridos estão resumidas no gráfico que se segue.



José was here.
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